Não dá para impedir o processo, mas é possível tratá-lo precocemente
A alopecia androgenética, também conhecida como calvície masculina, é a maior causa da perda dos cabelos nos homens. A incidência dessa doença é determinada por influências genéticas, sendo que a prevalência mais alta está entre aqueles com ascendência europeia. Apesar de grande impacto psicológico, já estudado em diversas publicações científicas, sabe-se que ainda são poucos os homens que procuram tratamento.
Como ocorre a calvície
Em primeiro lugar, vale a pena explicarmos um conceito fundamental que é o mecanismo através do qual a doença surge e se manifesta. A maior parte das pessoas acredita que os cabelo ficam ralos porque caem mais do que o normal. Isso é um engano muito comum! Na realidade, o que ocorre é que os hormônios masculinos (testosterona e seus derivados) se ligam a receptores próprios que ficam nos pelos, levando à miniaturização dos fios em pacientes geneticamente suscetíveis. Neste sentido, é interessante saber a idade com que os parentes do indivíduo começaram a observar a diminuição dos cabelos. Devemos idealmente intervir antes disso.
Sabemos que as manifestações clínicas da calvície masculina são variáveis e os primeiros sinais podem surgir já na adolescência, com alguns padrões característicos de perda dos cabelos. As "entradas", conhecidas por "alopecia androgenética de padrão bitemporal", constituem a manifestação inicial. Na sequência, ocorre a perda no vértex (topo da cabeça) e na região mediana, preservando o cabelo da área occipital (mais próxima ao pescoço).
O hormônio di-hidrotestosterona ou DHT pode ser produzido a partir da testosterona circulante, em uma reação química possível graças a uma enzima (proteína que acelera reações químicas) chamada 5-alfa-redutase. A DHT é cinco vezes mais potente que a testosterona e é o hormônio chave no surgimento da alopecia androgenética. O fato de que os receptores para este hormônio não se encontrarem distribuídos igualmente em todo o couro cabeludo explica os padrões de perda de cabelos.
A miniaturização dos fios é o que leva ao desaparecimento do cabelo em determinada região. No entanto, o exato mecanismo envolvido permanece desconhecido, acredita-se que os hormônios masculinos, através de sua ligação com os receptores localizados nos pelos, levem a uma alteração do crescimento.
O diagnóstico é essencialmente clínico, ou seja, feito apenas através do exame físico. É importante puxar os cabelos, para diferenciar de outras causas de queda. A dermatoscopia (exame com lente) permite visualizar os pelos diminutos e colabora com esse diagnóstico, sendo útil também no seguimento do paciente. Outros recursos diagnósticos como biospia, tricograma e videodermatoscopia podem ser utilizados, dependendo de cada caso.
Como tratar?
Diante disso, é importante salientar que existe muito pouco que possa ser feito para prevenir a doença, uma vez que ela é geneticamente determinada. Porém, o tratamento instituído precocemente retarda e até uma discreta melhora o quadro clínico. Portanto, é fundamental que os filhos de pais calvos fiquem atentos e idealmente procurem o dermatologista para iniciar um acompanhamento cerca de 10 anos antes da idade em que seu pai começou a notar a calvície e/ou ao menor sinal de entradas.
Neste primeiro momento, serão indicadas medicações tópicas como o minoxidil, xampus específicos e loções. Caso seja necessário e o paciente concorde, pode-se lançar mão da finasterida, medicação oral. Salientamos que ambas as drogas citadas estimulam o crescimento do cabelo em alguns homens, mas são mais úteis como prevenção das manifestações clínicas do que como recuperação da calvície. Como a doença é crônica e evolutiva, o tratamento deve ser instituído precocemente e mantido por tempo prolongado.
Ambas as drogas têm um bom perfil de segurança. O minoxidil, usado a 5%, é uma medicação usada no local, sob a forma de loção capilar, duas vezes ao dia, no couro cabeludo seco. No início, durante os dois primeiros meses, pode haver aumento da queda dos cabelos, que deve ser interpretada como indicativa de boa resposta ao tratamento. O pico de ação ocorre por volta de 16 semanas de uso. Os efeitos colaterais mais comuns são: irritação local, aumento dos pelos em locais indesejados (face e mãos) e taquicardia.
A finasterida inibe aquela enzima, a 5-alfa-redutase, que é responsável pela conversão de testosterona em DHT. É uma medicação oral, usada originalmente para tratar uma doença da próstata, a hiperplasia prostática benigna. No entanto, por reduzir a DHT circulante, pode produzir aumento significativo e durável do crescimento dos pelos. É mais responsiva para os casos de perda dos cabelos do topo da cabeça e frontal superior, tendo resposta mínima nas regiões temporais e na linha anterior.
No entanto, o tratamento deve ser continuo porque os benefícios obtidos não são mantidos com a retirada da medicação. Além disso, a doença é progressiva, conforme já dissemos. Como efeitos colaterais, a finasterida pode causar perda de libido, disfunção ejaculatória, aumento das mamas e depressão em um pequeno número de indivíduos. Essas alterações em geral são transitórias, mas há alguns relatos de caso em que essas alterações se tornaram persistentes.
Nos casos mais avançados, pode ser indicado o transplante capilar. A área doadora é a região occipital, local em que os pelos não possuem receptores hormonais, e, portanto se mantêm apesar dos hormônios circulantes, mesmo quando colocados em outras regiões.
Fonte: minhavida.com.br