Fique por dentro

Postado em 16 de Outubro de 2014 às 17h32

Entenda como o Ebola age no organismo e porque é uma doença tão mortífera

Tratamento é precário e chega a custar US$ 1 mil por hora; segundo a OMS, taxa de mortalidade é de aproximadamente 70%

Nativa Farmácia e Manipulação Tratamento é precário e chega a custar US$ 1 mil por hora; segundo a OMS, taxa de mortalidade é de aproximadamente 70% O Ebola é um vírus que provoca uma doença violenta e altamente letal. Mas,...

O Ebola é um vírus que provoca uma doença violenta e altamente letal. Mas, na verdade, não é o vírus que mata as pessoas infectadas. Ao invés de atacar o sistema imunológico, como o vírus da AIDS, o Ebola age de maneira mais sutil e inteligente, fazendo com que o próprio organismo se destrua. A maior parte das mortes ocorre por queda na pressão arterial resultante da perda de sangue.

A reação do sistema imunológico chega a ser tão intensa que torna as veias frágeis, o que provoca as hemorragias e sangramentos pelos poros. Isso ocorre porque o corpo só recebe o "alerta" quando a infecção já se encontra em nível avançado -- segundo uma reportagem do The New York Times, uma gota de sangue de um paciente com Ebola pode conter cerca de 10 bilhões de partículas do vírus.

A mesma quantidade de sangue em pacientes com HIV, por exemplo, carrega entre 5 mil e 100 mil partículas de vírus, enquanto em pessoas com Hepatite C não tratadas o volume varia entre 5 milhões e 20 milhões.

O Ebola também é prodigioso em termos de sobrevivência. Embora não se espalhe pelo ar -- as principais formas de transmissão são por meio de fluidos corporais de pacientes que já desenvolveram os sintomas -- o vírus não precisa de muito esforço para encontrar a vítima. Ele pode sobreviver por horas em superfícies secas, como maçanetas de portas -- ou dias, se estiver em contato com algum fluido corporal, como a saliva. Depois disso, basta alguém coçar o nariz ou o olho para ser infectado.

O vírus também conta com um comportamento nobre e fundamental do ser humano para se espalhar: a necessidade de tocar e permanecer próximos aos doentes -- por isso que médicos, enfermeiros e parentes próximos são as principais vítimas de contágio. "O mecanismo que o Ebola explora é extremamente insidioso. O vírus ataca o cuidado e o amor, sobrepondo-se às mais profundas e distintivas virtudes humanas", afirma Benjamin Slate, professor de Filosofia e Estudos Ambientais da Universidade do Colorado.

E tem outra: é possível que o vírus esteja se modificando para uma versão ainda mais perigosa. De acordo com um dos cientistas-chefe do Instituto Nacional de Alergologia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), Peter Jahrling, testes recentes feitos com pacientes da Libéria mostram que a quantidade de partículas de vírus no sangue aumentou, o que eleva também o risco de contágio.

Dentro do corpo

Quando o organismo percebe um agente patogênico, uma proteína alerta as células saudáveis do corpo sobre o invasor, preparando a "resistência". A mensagem é enviada diretamente ao centro de comando da célula por uma "via de emergência", que libera o interferon, agente que irá combater os corpos estranhos. Mas isso não funciona com o Ebola.

O vírus 'hackeia' esse sistema de comunicações ao anexar uma outra proteína, que aumenta o volume da primeira. Com isso, o mensageiro torna-se irreconhecível e não pode entrar nas células, fazendo com que o sistema imunológico ignore o problema. Sem ameaças, o vírus fica livre para agir -- e se reproduzir.

O Ebola ataca órgãos e células, matando-as por dentro e provocando o rompimento das membranas, lançando novas partículas no sangue. A essa altura -- quando os sintomas já são evidentes --, o sistema imunológico passa a agir, porém sem coordenação, já que a comunicação entre o sistema e as células continua comprometida. Para conter a infecção em seu nível mais avançado, as defesas acabam destruindo também o próprio organismo.

Isso ocorre porque essa sequência de eventos gera uma "tempestade de citocina", ou seja, a produção exarcebada de proteínas para combater o vírus, entre elas uma chamada interferona. O problema é que, em um organismo infectado com o Ebola, não há um 'comando' para cessar a geração dessas proteínas. Com isso a pessoa tem febre alta, acúmulo de fluidos, células mortas e sangramentos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 70% dos pacientes infectados com Ebola morrem. Entretanto, há sobreviventes mesmo entre pessoas na África que não têm condições de pagar pelo tratamento. Segundo o NY Times, boa parte dos infectados simplesmente são enviados de volta para casa para morrerem.

Chances a mais

Como não há tratamento nem vacina específica, a única maneira de manter o paciente vivo é combatendo os sintomas. São injetados fluidos intravenosos para que os órgãos continuem funcionando e repor a perda ocasionada pela doença, ventiladores pulmonares, ingestão de líquidos e medicamentos para manter a pressão sanguínea. Esse tratamento aumenta as chances, mas não garantem a sobrevivência.

Por outro lado, poucas pessoas no mundo podem bancar essas chances a mais. Nos Estados Unidos, o tratamento custa cerca de US$ 1 mil por hora. Ainda não há medicamento ou vacina aprovada para combater o Ebola.

Sintomas

De acordo com o Ministério da Saúde, a doença provocada pelo vírus Ebola é caracterizada por febre súbita, fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta. Em seguida, a pessoa apresenta sintomas mais severos, como vômitos, diarréia, disfunção hepática, erupções na pele, insuficiência renal e hemorragias, tanto internas quanto externas.

O período entre a infecção e os primeiros sintomas varia de um até 21 dias. Apenas após o período de incubação é que a doença passa a ser contagiosa.

Com informações do Business Insider

Veja também

Sal em medicamentos representa risco para a saúde do coração 17/12/13Analgésicos solúveis podem representar um risco pela alta concentração de sal contida neles Analgésicos solúveis podem representar um risco pela alta concentração de sal contida neles, alerta pesquisadores do Reino Unido, segundo a BBC. Algumas fórmulas chegam a ter mais sódio do que o recomendado diariamente para um adulto, dizem os autores do estudo. O trabalho publicado no “British Medical Journal” analisou exames de 1,2 milhões de......
Adesivo inteligente mede temperatura corporal e pode aposentar o termômetro17/04/15 Uma empresa de Los Angeles, nos Estado Unidos, criou um tipo de dispositivo que, uma vez preso ao corpo de qualquer pessoa com o auxílio de um adesivo, registra a temperatura e a envia para um aplicativo de celular analisá-la. Dessa......
Tomar medicamento vencido faz mal?20/01/16Fabricantes são obrigados a estampar data de validade nas embalagens dos produtos Manter em casa um pequeno estoque de medicamentos e um kit básico para curativos pode fazer toda a diferença em algumas situações. Pode ser útil ter em casa alguns medicamentos considerados de baixo-risco para usar em......

Voltar para Blog